15 de janeiro de 2013

Sob a Redoma de Stephen King

 

Era um dia como outro qualquer em Chester´s Mill, no Maine. Subitamente, a cidade é isolada do resto do mundo por um campo de força invisível. Aviões explodem quando tentam atravessá-lo e pessoas trabalhando em cidades vizinhas são separadas de suas famílias. Ninguém consegue entender o que é esta barreira, de onde ela  veio e quando – ou se – ela irá desaparecer.

Dale Barbara, veterano da guerra do Iraque, se une a um grupo de moradores da cidade para manter a situação sob controle. A força de oposição é representada por Big Jim Rennie, um político que está disposto a tudo – até matar – para continuar no poder, e seu filho, que guarda a sete chaves um horrível segredo.

Mas essa não é a única preocupação dos habitantes. O isolamento expõe os medos e as ambições de cada um, até os sentimentos mais reprimidos. Assim, enquanto correm contra o pouco tempo que têm para descobrir a origem da redoma e uma forma de desfazê-la, ainda terão de combater a crueldade humana em sua forma mais primitiva. Sob a Redoma é um thriller arrebatador e uma inquietante reflexão sobre a nossa própria potencialidade para o bem e o mal.

 

Fazia tempo que não lia um livro do Stephen King e, quando vi esse lançamento, já fiquei tentadíssima, mas não animada a encarar a montanha de folhas. Mas ao saber que esse livro pode virar uma mini série, a tentação venceu e resolvi encarar as 960 páginas dessa história sensacional!

King nos leva até a cidadezinha de Chester´s Mill e sua população comum. Mas "comum" é algo que vai acabar completamente, numa manhã de sábado, quando uma misteriosa redoma isola toda a cidade do resto do mundo. A voz narrativa de King é forte e poderosa e ela vai nos conduzindo, primeiramente, de pessoa a pessoa que primeiro presenciam o surgimento dessa barreira invisível. E depois essa voz vai nos mostrando a surpresa e o terror e a incompreensão que esse fato vai provocando nas relações humanas e na interação com o ambiente. Não somos poupados de cenas muito fortes e terríveis e nem das cenas em que há cooperação e ajuda entre os habitantes.

Os personagens vão nos sendo apresentados pelo narrador e vamos podendo formar nossas opiniões. Devo dizer que algumas vezes nos enganamos – e muito – e temos de reformular essas opiniões constantemente no decorrer da história. Por exemplo, quando conheci Big Jim o achei canastrão e demagogo e aproveitador, mas basicamente um bufão sem cérebro. Só que na verdade ele se revelou esperto e perigosíssimo e de bobo não tinha nadica de nada! Alguns, como o Rennie Jr, já mostram muito bem o que são e nos surpreendem apenas com a falta de limites e crueldade de que são capazes. 

Outra surpresa fica com o comportamento da população conforme vão percebendo que a redoma é real e que eles estão presos lá. Eles são facilmente manipulados por Big Jim e reagem exatamente como ele previa.  E acho que esse é um dos melhores momentos de King, pois ele nos leva a imaginar como nós agiríamos na mesma situação... É terrível pensar em como, num grupo, poderíamos facilmente agir de modo diferente do que estamos acostumados. Esse "será que eu seria do grupo do Barbie ou do Big Jim" é algo que pode nos deixar entretidas por horas – horas em que estamos trabalhando e não podemos ler, mas jamais esquecendo dos acontecimentos do livro e deixando os pensamentos voar (e eu acho que esse é outro trunfo da história, pois ela gruda em nossa mente e ficamos ansiosos por saber o que vem pela frente).

Outro ponto que achei interessante foi o modo como King retratou a fé – e as igrejas – no decorrer da história. Na cidade de Mills só existiam duas igrejas: a Congregacional, cuja pastora era Piper, uma mulher que tinha perdido a fé, mas continuava orando e pregando; e a Sagrado Cristo Redentor, cujo pastor era Lester, um homem de fé, mas ao mesmo tempo envolvido nas falcatruas de Big Jim e companhia. Se vocês me perguntarem o que achei de interessante posso citar o fato de que ser devoto e congregar numa igreja não faz com que a pessoa seja boa ou correta ou cumpra seus deveres como manda os mandamentos e normas das religiões; ao mesmo tempo em que uma pessoa que se culpa por não ter fé é aquela que estende à mão aos outros na hora da necessidade. E como conheço muitas pessoas assim, que não largam da barra da batina e/ou terno dos padres/pregadores, mas  nunca têm tempo para ajudar e vira as costas a quem precisa, tal fato me chamou muito a atenção. Isso e o fato de Big Jim cometer os crimes que comete e exigir "Améns" de seus comparsas e tendo a certeza de que está realizando a vontade de Deus.

O livro tem um ritmo intenso e sempre tem algo acontecendo ou sendo tramado ou premeditado. E a narração não perde o passo e sempre mantém o leitor interessado e ansioso. Eu curti cada momento – mesmo os mais terríveis – e torci pelos heróis e não via a hora de descobrir o que era a redoma e como ela surgiu (se bem que não gostei muito da explicação) e sofri com os personagens e a cidade o tempo todo. Esse não é o tipo de livro em que se consiga ficar indiferente durante a leitura. Super recomendo!

1 comentários:

Claudia disse...

Esse livro é super recomendado, e vai virar minissérie mesmo, comprados os direitos por Steven Spilberg, esse promete, viu? valeu pela resenha