É uma tarde de outono em Covent Garden, Londres. Trabalhadores correm para o almoço, turistas brotam de todos os lados e clientes entram e saem das lojas.
No meio de tudo isso está um gato. Usando um vistoso lenço Union Jack em volta do pescoço e cercado por uma multidão de 30 espectadores de boca aberta, Bob, o gatinho cor de laranja, sorri - é, sorri - timidamente.
Próximo a ele, está seu dono, James Bowen, com seu violão surrado, cantando músicas do Oasis. Então, ele para de tocar e se abaixa para Bob - 'Vamos, Bob, cumprimente!', diz. Bob mexe os bigodes, levanta uma pata e a estende para James. A multidão assobia.
Não é todo dia que se vê um gato sentado, calmamente, no centro de Londres, aparentemente sem se abalar com o barulho das sirenes, os carros passando e todo aquele movimento - mas Bob não é um gato comum...
Uma leitura deliciosa e que nos traz muitos ensinamentos! Bob e James nos levam a uma jornada muito linda e pessoal e nos mostram uma realidade que desconhecemos e/ou só imaginamos: a de pessoas em situação de rua e viciadas em drogas.
James é um viciado em heroína em recuperação. Ele mora em um apartamento subsidiado pelo governo e, numa tarde encontra um gato amarelo ferido e faminto no corredor do prédio. Como sempre gostou de gatos, resolve acolher o animalzinho. Bob está ferido e com falhas no pelo. James não hesita em levá-lo ao veterinário e gastar quase todo o dinheiro que tem com os medicamentos para o gatinho. E assim nasce uma amizade muito especial entre um homem e um gato que vão, aos poucos, se tornando os melhores companheiros e colegas de trabalho!
Achei muito interessante o fato de Bob gostar de sair com James pelas ruas de Londres e fazer companhia a ele, seja enquanto ele tocava violão e cantava, seja quando começaram a vender a revista Big Issue. Bob andava de coleira e ficava quietinho ao lado de seu dono e fazia o maior sucesso com as pessoas, conquistando a todos! James me fez pensar em quantas pessoas nós vemos nas ruas e nunca reparamos nelas ou entendemos que elas estão trabalhando – pessoas que fazem malabarismos e outros "shows" nos semáforos, por exemplo. Fiquei verdadeiramente comovida quando ele disse que Bob fez a capa de invisibilidade que o cercava cair e, a partir de então, as pessoas começaram a sorrir para ele, a conversar com ele!
Gostei muito da coragem de James de abrir sua vida para o público e pelo fato de reconhecer que Bob o tornou melhor – e tornou o mundo a seu redor melhor para com ele também. A responsabilidade de cuidar de um amiguinho fez com que James percebesse que ele também merecia ser cuidado e que ele merecia se dar uma nova chance e mudar para melhor! O apoio incondicional de Bob foi o remédio que James precisava. E James foi a salvação que Bob desejava. Uma dupla fantástica!
Mais do que trazer uma história comovente de como a amizade com um animal pode transformar toda a vida de uma pessoa, o livro me surpreendeu mostrando uma nova perspectiva para as pessoas em situação de rua e viciados, pois os projetos a que James se referiam podiam muito bem ser aplicados – com alterações, claro – nas grandes e médias cidades brasileiras. Um livro que deve ser lido por políticos e pessoas que trabalham com pessoas nessas situações de risco: sem teto, viciados, moradores de rua... Uma leitura verdadeiramente inspiradora em muitos aspectos.
2 comentários:
Adorei a capa, o gato - mas se o bichano morre, dispenso. Chorei horrores no final de "Dewey" :(
Claire.
Pode ler sem susto, Claire, pois o bichano está vivo e bem!!!
é mais um modo de mostrar como um animalzinho consegue nos tirar de um buraco negro e nos trazer à luz!
bjs
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