Alice Raikes acaba de tomar um trem na estação de King`s Cross, na capital inglesa. Seu destino é Edimburgo, aonde vai encontrar as irmãs.
Assim que desembarca, ela presencia uma estranha cena, algo que a deixa perplexa, como se olhasse no espelho e não reconhecesse o próprio rosto. Desesperada, diz adeus à família e sobe no trem de volta ao ponto de partida.
Algumas horas mais tarde, as irmãs recebem um breve telefonema: Alice está em coma, vítima de um atropelamento.
O que – ou quem – Alice viu na capital escocesa que a fez voltar tão depressa? Houve mesmo um acidente ou ela tentou se matar? O que a família, em vigília ao lado de sua cama, tem a esconder?
À medida que o tempo transcorre, os segredos e as angústias dos Raikes vêm à tona. No asséptico ambiente hospitalar, Alice experimenta diferentes níveis de consciência, ouvindo conversas à sua volta e resgatando as lembranças de um amor que partiu.
Considerada uma das grandes vozes da nova literatura britânica, Maggie O`Farrell demonstra grande maturidade neste romance de estréia. Abordando temas comuns a todas as famílias, em suas diversas nuances, Depois que você foi embora nos dá a certeza de que estamos diante de um escritora de primeira grandeza.
Maggie O`Farrell consegue transmitir emoções. O livro tem muito disso: emoções. Logo no começo, quando vemos Alice pela primeira vez, sentimos sua tristeza, percebemos que ela está apática e muito, muito triste. Sentimos isso, pela forma como ela descreve sua aparência, suas ações, seu jeito. Isso já nos deixa curiosos: o que aconteceu com ela? Por que ela está assim?
O livro não tem uma narrativa linear. Depois do acidente (narrado no resumo) o livro vai da infância de Alice, para a infância da mãe dela – Ann –, volta para o presente com ela no hospital e assim vai. Me senti como se estivesse diante de um grande quebra cabeças e fosse juntando as peças para poder ver o todo. Uma narrativa interessante, mas que às vezes cansa.
Os personagens são fascinantes. Destaco John que é maravilhoso! O modo como ele e Alice se relacionavam, o carinho, os diálogos – tudo muito lindo e real. O sofrimento e as alegrias por que passaram tudo muito bem descritos. Sofri e amei junto com eles. Ann e Elspeth (mãe a avó de Alice) também mostram bem o relacionamento nora/sogra. As alfinetadas, os segredos, a inveja. Ann é uma mulher fria, egoísta. Senti raiva e pena dela ao mesmo tempo. Elspeth, por sua vez, era uma mulher cheia de vida, amorosa, esperta, mas também sabia ser má.
Conforme a história vai se desdobrando a nossa frente, o suspense vai aumentando e as emoções crescendo. E como disse, Maggie consegue nos prender e passar essas emoções muito bem.
Um único senão é que muitas tramas ficaram em aberto e isso me deixou frustrada, realmente frustrada. Sem falar que no final O`Farrell também não foi muito feliz – pelo menos na minha opinião. Adoro finais inesperados e surpreendentes, mas me senti roubada com esse.
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