12 de junho de 2010

A mão esquerda de Deus de Paul Hoffman

mao esquerda de deus

O Santuário dos Redentores é um lugar desolador. Um lugar onde a esperança e a alegria não são bem-vindas. A maior parte dos meninos que habitam o lugar foi levada para lá muito nova e contra a vontade. Eles padecem sob o regime opressor dos Lordes Redentores, cuja violência e crueldade têm como único propósito honrar à memória do Redentor Enforcado – e passam suas vidas prisioneiros dos corredores labirínticos e tortuosos do Santuário, um lugar com séculos de história e segredos, e que ninguém conhece por completo…

No meio de um desses corredores há um menino. Talvez ele tenha 14 anos, talvez tenha 15: ninguém sabe ao certo. Lá dentro, é chamado de Thomas Cale. Seu verdadeiro nome, já esqueceu há muitos anos. Ele já esqueceu de tudo de sua antiga vida. Em breve, será a testemunha de um ato horrendo. E é neste momento que começará a sua extraordinária vida futura.

Esse foi um livro que me atraiu pela capa! Estava lá no site da Livraria Cultura quando o vi. Daí fui ler o resumo e fui instantâneamente fisgada. Sabe aquela coisa “esse eu tenho de ler!” Pois foi assim… e posso garantir que esse livro é realmente uma experiência muito diferente!

Para começar, o livro se passa num tempo e num lugar indeterminado. Lembra muito a Idade Média, com suas guerras, armas e costumes; ao mesmo tempo, fala-se em dólar e alguns fatos mais contemporâneos. As religiões também são muito estranhas – o Redentor Enforcado lembra um pouco Jesus pelo sofrimento e pregação. Jesus, por sinal, é citado como o homem engolido por uma baleia! Achei muito interessante esse novo universo e sempre ficava procurando sinais para ver  se reconhecia mais lugares e pistas sobre a época.

A crueldade de que os redentores são acusados no resumo é muito maior do que eu esperava. Os meninos sofrem horrores: passam fome, são constantemente surrados e punidos de diferentes formas, têm de se arrepender de pecados que nem sabem quais e o que são. Recitam atos de fé que não compreendem e somente podem viver um dia após o outro sem saber o que vem pela frente (a não ser mais castigos e provações).

É nesse ambiente que encontramos Cale, Henri Embromador e Kleist. Mesmo com a proibição de se criarem laços de amizades entre os acólitos, esses três desenvolvem uma proximidade e cumplicidade que pode ser confundida com amizade. E é num desses momentos em que eles se dispõem a serem adolescentes que eles se metem numa grande confusão que depois vai ter grandes repercusões e fazer com que partam numa grande aventura.

Adorei o modo como o livro foi narrado. O narrador não apenas relata os fato, ele os comenta com o leitor, criando uma cumplicidade como se estivesse conversando conosco. Fora que ele tem umas tiradas fantásticas que me faziam sempre reler as passagens com grande deleite! Veja um exemplo:

“Conforme afirma um famoso ditado, é uma boa coisa que as guerras sejam tão absurdamente caras, senão nós jamais pararíamos de travá-las. Por mais que isso seja verdade, também sempre parecemos nos esquecer que, embora possa haver guerras justas e injustas, nunca existem guerras baratas…”

Esse também é um livro em que ocorrem muitas reviravoltas – e não apenas com a trama, mas também no modo como nós, leitores, reagimos ao que acontece no decorrer da história. Um exemplo: teve horas em que acreditei que os Redentores tinham razão em tratar os meninos como tratavam, que quase entendi como punição e surras poderiam ajudar a moldar guerreiros – e isso mesmo eu sendo contra essa forma de violência e querendo mais ver esses Redentores pagar pelo que faziam!

Cale é um personagem muito interessante. Ele vai se revelando bem aos poucos e nos surpreendendo sempre. Tinha vezes que o narrador tinha de me lembrar que ele era apenas um menino de 15 anos, pois a história de vida dela era bem pesada e sua inteligência e visão de mundo eram de um adulto. E outra coisa que surpreende na história é a forma como Cale, Henri e Kleist têm muita experiência de vida em certos aspectos – armas, guerra, sobrevivência – e em outros são completamente ingênuos e inocentes. Para entenderem a sociedade de Memphis e se adaptarem aos novos costume,  eles contaram com a ajuda de IdrisPukke, outro personagem intrigrante e misterioso, mas muito cativante!

Não posso esquecer de citar o Redentor Bosco, o Lorde da Guerra. Ele tem uma fixação por Cale que beira a obsessão. E não tem nada a ver com perversão sexual ou maldade pura e simples. Cale é parte de um plano – e esse é um dos grandes mistérios do livro – e Bosco planeja utilizá-lo de alguma forma obscura. Bosco está disposto a tudo para conseguir recuperar Cale e trazê-lo de volta ao Santuário – até mesmo declarar guerra contra um Império como Memphis.

Claro que por ser o primeiro volume de uma trilogia (o que adorei saber!) muita coisa ainda ficou por ser respondida e fechada. As cenas são muito bem descritas e, como já falei, a narração te coloca lá, no meio da ação. E, pelo realismo da descrições, já afirmo que estou com saudades de Thomas, Henri Embromador e Kleist… Espero que não demorem a lançar o segundo livro!

5 comentários:

Herida Ruyz disse...

Olá!
Eu tbm adorei o livro. Esse universo alternativo instiga o leitor. Eu tbm não vejo a hora de ler a continuação.
BJs

Leitura Nossa disse...

Esse livro está na fila para ser lido... agora me deu uma vontade de passar ele na frente...rss

beijos,
Dé...

La Sorcière disse...

Regina do céu... um milhão de perdões... seu blog por algum motivo misterioso saiu do meu blogroll... desculpa, tá???
Tô corrigindo isso agoraaaaa!
Eu li o livro e amei! Diferente e incômodo, de uma maneira boa:)
Bj
Alê

Unknown disse...

eu já li o livro e gostei muito da história, porém o autor cometeu alguns deslizes, por exemplo, na criação de objetivos de grande importância, e logo dps ele esquece aquilo, deixa de lado. Ele deixou algumas pontas soltas na história e isso me incomodou um pouco..

Unknown disse...

eu ja i e gostei muito do livro, embora o autor tenha cometido deslizes e deixado algumas pontas soltas aqui e ali, isso acabou me incomodando, embora a historia seja boa.